Getting your Trinity Audio player ready... |
Indústria brasileira desacelera, mas setor de plástico mantém fôlego com desafios
A indústria brasileira avança em 2025 com maior cautela. Pressionada pela elevação das taxas de juros e pelas restrições ao crédito, a cadeia industrial sofre desaceleração, embora o segmento de plásticos demonstre alguma resiliência frente ao cenário adverso.
Projeções e contexto macroeconômico
A CNI projeta que o PIB industrial crescerá cerca de 2,0 % neste ano, abaixo dos 3,3 % registrados em 2024. Esse desempenho representa uma redução de 1,3 ponto percentual em relação ao ano anterior.
O ambiente de juros elevados — com expectativa de Selic na faixa de 14,25 % a.a. — e crédito mais caro reduz o apetite por investimentos e consumo de bens duráveis, o que reverbera negativamente na produção industrial.
Desempenho industrial recente
Em julho de 2025, a produção industrial brasileira registrou retração de 0,2 % frente ao mês anterior, marcando o quarto mês consecutivo de queda. No acumulado de abril a julho, a produção caiu cerca de 1,5 % em comparação ao início da série.
O setor de transformação, responsável por mais de 80 % do índice industrial, sofreu queda de 0,1 % em julho. Entre as atividades mais impactadas estiveram metalurgia (-2,3 %), equipamentos de transporte (-5,3 %) e material plástico (-1,0 %).
O plástico como exceção relativa
O setor de plásticos resiste melhor ao declínio generalizado. Há duas frentes principais sustentando esse desempenho:
- Exportações e importações de insumos
No primeiro semestre de 2025, o Brasil importou cerca de US$ 1,8 bilhão em polímeros, totalizando 1,43 milhão de toneladas.by Esse volume envolveu principalmente polietileno e polipropileno, com destaque para copolímeros de etileno. Embora o volume tenha recuado em comparação ao mesmo período de 2024, medidas antidumping e tarifas mais elevadas começaram a ser aplicadas para proteger a indústria nacional frente a importações agressivas. - Produção de embalagens flexíveis
O segmento de embalagens plásticas flexíveis registrou estabilidade no primeiro semestre, com produção de cerca de 1,148 milhão de toneladas, apenas 0,4 % acima de 2024. O consumo aparente foi de 1,137 milhão de toneladas, com leve queda de 0,3 %. A exportação desse tipo de embalagem cresceu cerca de 11,5 %, enquanto as importações recuaram 2,9 % no período, reforçando a competitividade nacional em mercados externos.
Mesmo com essa relativa estabilidade, o setor enfrenta desafios persistentes: margens pressionadas pela oscilação de preços de resinas, custos logísticos elevados e o custo de adaptação às práticas de economia circular e reciclabilidade.