O governo do Paquistão anunciou a vigência da sua primeira Política Industrial nacional, com o objetivo de estimular investimentos, modernizar o marco regulatório e fortalecer o setor industrial.
Entre as iniciativas previstas está a criação de um Banco Nacional de Terras, a facilitação do retorno de capitais externos investidos por paquistaneses no exterior e a reforma das leis de insolvência — todas medidas concebidas para tornar o ambiente mais atraente para indústrias e tecnologias voltadas à produção.
A parte regulatória conta com a revisão da Corporate Rehabilitation Act 2018 e da Corporate Restructuring Act 2016, com previsão de instaurar um moratório legal para credores enquanto empresas viáveis reestruturam-se — o que oferece fôlego para pequenas e médias indústrias em dificuldade.
Ainda faz parte do plano a digitalização dos “one-stop shops” (centros de atendimento único) em Zonas Econômicas Especiais (ZEEs) e parques industriais, bem como a melhoria da infraestrutura de interligação entre parques industriais e rodovias principais — pilares considerados essenciais para a competitividade industrial.
Enquanto o Paquistão dá seus primeiros passos rumo a uma política industrial unificada, o Brasil já possui estrutura mais consolidada, com políticas voltadas a inovação, conteúdo local e financiamento via BNDES.
Por outro lado, a participação da indústria no PIB brasileiro vem caindo há décadas — hoje representa cerca de 11%, patamar similar ao observado em países em desenvolvimento.
O Paquistão, embora com uma base menor e menos diversificada, cresce em setores intensivos em mão de obra, como têxteis, alimentos e fertilizantes, e tenta agora atrair capital estrangeiro para máquinas e manufatura pesada — um movimento que o Brasil iniciou nos anos 1970, mas ainda luta para modernizar em áreas como automação, energia e infraestrutura.
A implementação do plano paquistanês dependerá de aprovações junto ao Fundo Monetário Internacional (FMI) e de garantias de que os recursos externos não venham de países sob sanções do Financial Action Task Force (FATF).
Se bem-sucedida, a política poderá posicionar o Paquistão como novo polo industrial do sul da Ásia — e servir de referência para outras economias emergentes que buscam equilibrar competitividade e soberania produtiva.

