A empresa-grupo de investidores chineses (nome não divulgado) anunciou a aplicação de US$ 10 milhões para a implantação de uma nova fábrica de processamento de madeira no distrito de Amatongas, província de Manica, em Moçambique. Segundo autoridades locais, a iniciativa visa impulsar a transformação local das matérias-primas florestais e reduzir a exportação de madeira em bruto.
O lançamento simbólico da obra foi realizado quando a governadora da província, Francisca Tomás, participou da cerimônia de “primeira pedra” da fábrica, sinalizando o apoio institucional ao projeto. A expectativa oficial é que a instalação venha gerar dezenas de empregos diretos e indiretos, ao mesmo tempo em que fortalece a cadeia de logística e transporte local.
De acordo com os dados divulgados, o capital inicial de US$ 10 milhões permitirá equipar a fábrica com maquinário de corte, secagem e processamento, e estabelecer uma linha de produtos de madeira dimensionada para uso em construção, mobiliário e derivados.
As autoridades provinciais estimam que a planta possa processar centenas de milhares de metros cúbicos de madeira por ano, embora não tenha sido divulgado ainda o volume exato ou a data de início da produção comercial.
O impacto esperado vai além da produção direta. A fábrica será ligada a uma cadeia de abastecimento de madeira nativa e de plantações comerciais, com logística integrada de escoamento e transporte até portos internacionais.
Além disso, prevê-se a ativação de fornecedores locais de serviços, como transporte, manutenção, energia e recursos humanos — com um efeito multiplicador importante para a economia de Manica, que depende fortemente do setor florestal.
Para Moçambique, esse tipo de investimento representa uma transição importante: de exportador de madeira bruta a polo de processamento, o que tende a gerar maior valor agregado no país.
14Especialistas apontam que, tradicionalmente, Moçambique absorve baixos níveis de beneficiamento e sofre perda de receita por exportar madeira quase in natura. O projeto chinês surge, portanto, como um passo em direção a uma industrialização mais robusta do setor.
No entanto, analistas alertam para os riscos associados: a capacidade de garantir abastecimento sustentável de matéria-prima, cumprimento de normas ambientais, e integração adequada com a comunidade local serão fatores decisivos para que a fábrica tenha sucesso de médio e longo prazo. Se bem conduzido, o empreendimento pode virar referência regional — se mal conduzido, pode repetir padrões de investimento externo com baixo efeito nacional.

