A indústria siderúrgica da América Latina está dando sinais de união inédita perante o avanço das exportações de aço da China — e isso coloca o Brasil no centro de um debate estratégico sobre o futuro da produção industrial no país.
Durante o encontro da Alacero (Associação Latino-Americana do Aço) em Cartagena, Colômbia, o CEO da ArcelorMittal Brasil, Jorge Oliveira, afirmou que “o que está em jogo não é apenas o setor, mas o futuro industrial da América Latina”.
Os números reforçam o temor: entre 2022 e 2024 as exportações de aço da China para a região aumentaram 54 %.
Esse crescimento expressivo pressiona margens, elevando o risco de ociosidade e fechamento de plantas nas siderúrgicas locais — inclusive aqui no Brasil.
A China produz cerca de 1,2 bilhão de toneladas de aço por ano, enquanto seu consumo interno fica em torno de 800 milhões de toneladas, segundo a Alacero.
Ou seja: sobra produção — que acaba sendo exportada a preços que impactam a competitividade da região.
Na América Latina, quatro em cada dez quilos de aço consumidos já vêm de importação, sendo a maior parte desse volume originário da China.
O impacto para o Brasil e para a indústria siderúrgica local pode ser relevante: as discussões envolvem desde cotas de importação até tarifas elevadas — “uma tarifa não pode ser de 5%, mas de 50%, por exemplo”, disse Ezequiel Tavernelli, presidente da Alacero.
Para a ArcelorMittal, por exemplo, a continuidade de um plano de investimentos de até R$ 12 bilhões para 2026-2030 dependerá do ambiente regulatório.

