A Confederação Nacional da Indústria (CNI) divulgou estudo apontando que o setor industrial continua sendo o mais afetado pela política de juros elevados no Brasil.
Segundo a entidade, a taxa básica de 10,75 % ao ano mantém o crédito caro e restringe investimentos em modernização e expansão produtiva.
De acordo com a pesquisa “Sondagem Industrial”, 67 % das empresas consultadas afirmam que o custo do financiamento é hoje o principal obstáculo para novos projetos. O levantamento foi realizado com 1 853 indústrias de diferentes portes e regiões, e mostra que o setor é o mais sensível à política monetária do país.
A CNI destaca que os juros altos afetam especialmente segmentos de bens de capital e transformação, que dependem de crédito de longo prazo para ampliar capacidade produtiva.
Além disso, o encarecimento das linhas do BNDES e de bancos comerciais reduz a competitividade da indústria frente a países com taxas menores.
A participação da indústria no PIB brasileiro, que já foi de 27 % nos anos 1980, hoje não passa de 11,3 %, refletindo décadas de desindustrialização. Para a CNI, reduzir a taxa Selic é essencial para reativar investimentos e permitir que as empresas acompanhem a transição tecnológica global.
O presidente da CNI, Ricardo Almeida, defende que a política monetária deve equilibrar controle da inflação e estímulo à produção. Segundo ele, setores como metal-mecânico, químico e de transformação digital são os que mais sofrem com o atraso na redução dos juros.
A entidade também propõe a criação de linhas de crédito direcionadas à inovação e à indústria 4.0, capazes de gerar ganhos de produtividade e sustentabilidade.


